A Rede Globo exibiu na noite deste sábado (14/08), a 25ª edição do show "Criança Esperança", no HSBC Arena, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, que reuniu muitos cantores e grande parte do elenco global. A edição desse ano foi marcado por inovações, ausências e polêmicas.
Antes mesmo do show começar, o diretor Wolf Maya já procurava confusão, quando desconvidou alguns artistas de sucesso, como Victor e Leo, Bruno e Marrone, Wanessa Ex-Camargo e Zezé de Camargo e Luciano, que ficaram ressentidos com a produção do programa e convenceram seus fãs a boicotar o show.
Depois, o diretor inventa de colocar os artistas para cantar musiquinhas solidárias, bem ao estilo "paz-e-amor". Botou os cantores famosos para fazerem duetos com cantores que ninguém sabia que existia, como no caso de Luan Santana, que em vez de cantar o seu Meteoro, foi cantar com uma tal de Paula Fernandes que canta a abertura da novela das 6, mas ainda não emplacou nas paradas.
Aí, vem a Xuxa. Ela tenta por juízo na cabecinha do diretor, dizendo que o formato não estava legal, que o show não ia prestar e que os artistas iriam pagar o maior mico. Wolf Maya, que é muito cabeça dura, não leva a rainha dos baixinhos a sério e dá um ultimato: ou você aceita o MEU formato ou você está fora do MEU show.
E deu no que deu. Xuxa saiu e causou a maior tensão nos bastidores do show. Segundo Fabíola Reipert, os bailarinos já tinham ensaiado a coreografia e Wolf Maya teve que se virar para tapar a cratera que a apresentadora deixou na atração.
O show começou com uma multidão de artistas em cima do palco, que pareciam vindo de todos os circos falidos do Brasil. Eles fizeram os mesmos números que costumam fazer no circo e ocuparam todo o espaço do palco.
A entrada de Renato Aragão, o mestre de cerimônia da festa, não teve impacto algum. Ele surgiu no meio dquele povo do circo e por muito pouco, o câmera não perdeu a entrada dele.
No começo da atração, a direção de câmeras estava tão perdida que só mostrou a atriz Luana Piovani no momento em que ela encerrava sua participação dançando balé clássico.
Atores e jornalistas convocados para repetir os números de doação não conseguiam achar a câmera certa para falar. Paulinho Vilhena tremia de medo. As únicas a se saírem bem na tarefa, mesmo com a direção maluca, foram Susana Vieira e Glória Maria, até porque a certeza que têm de que são divas da TV é inabalável.
Se Daniela Mercury também não deu as caras, coube às conterrâneas Claudia Leitte e Margareth Menezes cantarem o velho repertório da primeira musa da axé music. O áudio do show estava irregular e muitas vezes prejudicou os cantores, como Sandy, que teve sua voz suprimida pela do coro, formado por amigos de Wolf Maya. Essa turma por pouco não derrubou a filha de Xororó do palco, tamanha a ansiedade em aparecer.
Melhores momentos
Ao todo, o show teve cinco blocos temáticos, mostrando as diversas regiões e épocas diferentes do Brasil. Os artistas que passaram pelo palco chamaram a atenção do público para a situação da infância e juventude no país.
O tema do 25º ano foi inspirado em brinquedos e brincadeiras infantis dos últimos 100 anos. Foi feita uma passarela no palco, para uma escola de samba mostrar, em forma de desfile, réplicas gigantes de brinquedos que marcaram gerações, com 19 atores em cena.
As crianças de todo o Brasil foram representadas por Klara Castanho, que inspirará as atrações do espetáculo a partir de sua imaginação. Katiusca Canoro, Samantha Schmutz e Fabiana Karla, do Zorra Total, também marcaram presença. Enquanto isso, um telão de LED, com 12 metros de comprimento por seis de altura, exibe vídeos que acompanham as atrações.
Parte do público também participa desta edição: 320 crianças dos projetos Afroreggae e CUFA (Central Única das Favelas). O grupo de dança da ANDEF (Associação Nacional de Deficientes Físicos), de Niterói, crianças da ABBR (Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação), INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) e APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), estarão presentes nos palcos e em vídeos inseridos ao longo da noite, para promover a integração social.Em casa, o telespectador teve a sensação de que a fórmula era a mesma. As entradas do jornalismo, com o material da equipe do "Profissão Repórter" ,que mostrou projetos e pessoas beneficiadas pelo Criança Esperança pelo Brasil inteiro, foram elementos interessantes dentro de um espetáculo onde o artístico predomina. Segundo a Rede Globo, 9 mil pessoas estiveram na Arena do Rio.
Wolf Maia disse que a equipe atendeu às expectativas de "uma produção grande, que teve muita coisa: patinação, alegorias, orquestra sinfônica".
Piores momentos
Essa festa teve três momentos que vão entrar para a história de micos no Criança Esperança. O primeiro foi Danielle Winits travestida de Barbie e seu namoradinho Jonatas Faro, de Ken. A performance do casal foi bastante comentada nos bastidores do Criança Esperança, pois os artistas e convidados ficaram tirando sarro do casal. Ela de Barbie e ele de Ken ficou um pouco brega no ar.Principalmente Daniele, que fazia dancinhas esquisitas e trocava olhares com o novo namorado. E ainda se beijaram em público.Viraram motivo de chacota.
O segundo foram as interações de Sandra Annenberg e Evaristo Costa com os personagens Mônica e Cebolinha em 3D e mais elétricos que o de costume nas revistinhas. Wolf Maya disse que esse foi um dos melhores momentos do show, pois ele conseguiu brincar com o jornalismo, fazendo um "jornalismo criança".
E, para finalizar, a cara de Didi no final, com um quase choro, foi o duro retrato de um especial que perdeu seu rumo: o entretenimento popular. Como se não bastasse, o Parabéns pra Você do encerramento parecia soar de um LP arranhado na vitrola.
Cantores não cantaram seus sucessos
As musiquinhas "paz-e-amor" foram cantadas pelos artistas em forma de duetos, conforme foi citado anteriormente. Ivete Sangalo cantou "Andar com Fé" com Gilberto Gil, num tom meio distante do que estamos acostumados a ouvir, pois o ex-ministro da cultura estava meio rouco no dia.
Claudia Leitte cantou junto com Margareth Menezes músicas de sucesso no carnaval baiano que são um pouco antigas , como "O menino do Pelô", "O mais belo dos belos" e "O Canto da Cidade".
Leo Santana, o cantor do "Rebolation", foi o único a cantar o seu sucesso, o "Rebolation". O vocalista bombado da banda Parangolé conseguiu animar a galera enquanto esteve no palco.
Na hora em que Luan Santana e a anônima Paula Fernandes entraram, a plateia foi ao delírio. Obviamente, por causa dele, que cantou uma das canções que foi imposta pelo diretor e causou um grande número de desmaios, surdez e rouquidão nas fãs que se infiltraram no HSBC Arena. A mesma coisa aconteceu com Fiuk e sua banda Hori.
Outra ausência marcante foi a da apresentadora Xuxa, que também não concordou com o formato imposto pelos diretores Ulysses Cruz e Wolf Maya, no comando da atração desde o ano passado, quando Aloysio Legey, criador do formato, deixou a direção do especial.
Também cantaram Alexandre Pires, Diogo Nogueira, Maria Gadú, Alcione, Emílio Santiago, Lucas (Fresno), Cine, Hevo 84, Ana Costa, Roberta Sá, Claudia Leitte, Charlie Brown Jr., Dominguinhos, Elba Ramalho, Lenine e Kandies.Todos eles foram acompanhados por uma banda fixa com 22 componentes e ainda a Orquestra Sinfônica de Heliópolis, regida pelo maestro Silvio Baccarelli, e a Banda Marcial do Corpo de Fuzileiros Navais, composta por 116 componentes.
Reações após à festaMuito contente depois da exibição do "Criança Esperança 2010″ (Globo),Wolf Maya, com um tom ácido, perguntou aos jornalistas se eles haviam sentido falta de alguém na apresentação. Logo em seguida, fez questão de falar sobre a recusa de Xuxa em participar do evento: "Ela não sabe o show que perdeu".
Sobre o novo formato da atração, Maya aproveitou para ironizar: "Eu gosto de quem canta ao vivo". Segundo ele, o programa "não é ligado às gravadoras". "Ninguém tem de vir aqui para lançar músicas", disse em resposta às críticas de Zezé Di Camargo sobre os rumos do show.
A direção do Criança Esperança, também teve o apoio de Ulysses Cruz, que disse que não ia mudar as regras do programa, só porque Xuxa não aceitou o que reservaram para ela."A Xuxa não sabe o show que perdeu! A idéia não era um show comercial. Quem vem aqui para lançar música nova, não é generoso. Queremos passar mensagens através das canções. A verdade é os artistas precisam deixar o ego de lado para participar desse show", declara Wolf.
"Sou muito fã dela e claro que queria a Xuxa aqui. Mas acho que ela achou pouco o que oferecemos. A idéia esse ano era desenvolver o teatro na tevê. O Criança Esperança é um programa para mobilizar. A coisa bonita, que emociona, é um gol. A pessoa em casa se emocionando, vai pegar o telefone e ligar", disse Ulysses.
Audiência Segundo dados preliminares, o "Criança Esperança" marcou 23 pontos de média, o equivalente a 42% do público que estava à frente da TV. No mesmo horário, SBT e Record ficaram empatadas em 6 pontos e a Band registrou 3 de média.
O evento terminou a sua edição de 2010 com mais de R$ 8 milhões arrecadados. O show liderado por Renato Aragão, embaixador da UNICEF.
As doações para a campanha acontecem até 22 de agosto. O dinheiro arrecadado será revertido para instituições de apoio a criança e adolescentes de todo país. Ao longo dos 25 anos, o "Criança Esperança" arrecadou mais de R$ 215 milhões e beneficiou mais de 4 milhões de crianças e adolescentes, além de 5 mil projetos em todo o Brasil.
O show será reprisado no próximo sábado, às 2:30. Mas, se você acha que vai poder ver os artistas e cantores pagando mico, não se empolgue, pois o show será rigorosamente editado.